Tentei inscrever o conto das flores na RevistaRia, para a edição Novas Caras Novas Letras. Eu sabia que possivelmente não seria selecionado porque ano passado já publicaram meu conto Sobre Os Trilhos. Mas esse homem chamado Ivan Uviedo, que pode ser um dos editores da revista. Ele me convidou para o número de outubro, o que acabou sendo algo melhor. Sair no número regular da revista é uma honra. Fiquei de entregar o conto até dia 10. Não sei exatamente o que quero escrever ainda, mas a história que mais me vem à mente é sobre a “criatura” que apareceu na estrada há uns meses atrás, acho que no interior do Ceará (se não, foi em algum outro lugar do nordeste, certeza) e que viralizou. Faz muito tempo que não escrevo terror. Lembro que comecei escrevendo terror porque considerei que seria um gênero fácil de criar. Exercitaria minha capacidade de descrição ao mesmo tempo em que treinaria a habilidade de fazer cenas de ação. Ou seja, usei o terror como cobaia para desenvolver minha escrita, acreditando que havia menor complexidade ali e que seria uma boa começar por um gênero menor. Isso tem mais de quinze anos. Lembro de ter buscado de início Conan Doyle e Stephen King. E logo nas primeiras leituras descobri que estava completamente enganado e que o terror não tem nada de pequeno. É tão ou mais complexo que qualquer outro gênero. E isso me fascinou tanto que até esqueci que embarquei ali com um péssimo julgamento e não demorou para que eu nem mais questionasse o fato de que eu não estava mais interessado em nada além de terror. Li tudo o que pude na época, comi Lovecraft, dancei com Bradbury, passava dias e dias lendo sobre fenômenos paranormais, criptozoologia, ocultismo, casos e aparições pretensamente reais de tudo que é marmota no mundo. Só muito depois resolvi retornar aos meus planos de tentar uma literatura “mais nobre” (claro que estou rindo de mim mesmo ao escrever isso, que idiota...). E isso tem muito a ver com o nascimento da Nena. Houve um dia em 2011, a mãe dela ainda estava no sexto mês de gravidez. Dormíamos no chão da casa da minha mãe porque ocorreu um alagamento de esgoto no quintal da nossa e não tínhamos dinheiro para alugar outro lugar. Eu tive um sonho terrível em que eu fazia uma pesquisa numa casa conhecida da minha rua. Quando chegava lá, a pessoa que nos recebeu mostrou coisas relacionadas a Maracatu, porque supostamente o antigo residente mexia com a tradição. Eu me deparei com um quadro na parede com a fotografia de ninguém menos que Aleister Crowley. Quando olhei nos olhos da figura, caí numa espécie de sonho dentro do sonho em que Crowley tentava me hipnotizar e me prender ali. Tentei acordar, mas quando saí da segunda camada de sonho e tentei voltar à realidade, caí em outro lugar intermediário. Eu sabia que estava sonhando, mas não conseguia acordar. Ouvia a voz de Crowley me dizendo coisas horríveis sobre entregar minha alma e em algum momento ele tomou a forma de uma pantera alada. Só consegui me libertar e acordar quando repetiu uma oração, que se não me engano era de São Bento. Desde de esse dia, passei a ler menos terror e a pesquisar menos sobre ocultismo, embora jamais tenha deixado de ler os meus autores favoritos.(...)
Então, um dia enquanto tentava assistir Hellraiser 2, percebi que lidar com o terror exige demais que você passe muito tempo na companhia de personagens e eventos terríveis. Você tem que construí-los em sua mente e ficar convivendo com eles por meses. A mesma morte inúmeras vezes, as mesmas maldições, as mesmas feridas, as criaturas tenebrosas...e minha vida já não estava fácil...então optei por explorar o mundo de outra forma. E nunca mais escrevi terror de novo. Agora tenho que voltar a fazer isso, o que é muito bom, estou feliz de poder fazer. Mas estou com medo. Aquele medo de errar. De ter perdido a mão. Do subtexto não ser tão forte. (...)
obs.: apenas joguei dois trechos do meu diário pessoal aqui...
Nenhum comentário:
Postar um comentário